Vamos começar este artigo com uma pergunta: quem dos leitores encaixa-se no padrão que faz 2 treinos força, 1-2 sessões de corrida/treino intervalado e 3-5 horas de caminhada ou cardio de baixo nível – todas as semanas? Aposto que perdemos um bom número de pessoas à medida que a lista avançava. Em um mundo ideal, com uma programação perfeita, todos atingiríamos consistentemente esses objetivos. Os melhores resultados vêm deste protocolo, claro, mas esse nível de regularidade é normalmente a exceção, e não a regra, se estivermos a falar sobre o longo prazo – mês após mês, ano após ano.
Mesmo assim, sem cumprir esse programa extenso, muitos de nós estamos em ótima forma. Como explicar então a questão da consistência?
O facto é que existem muitas razões legítimas para saltarmos os treinos de vez em quando. Ficamos doentes, os nossos filhos ficam doentes, há um imprevisto no trabalho que nos mantém a fazer horas extras, exageramos nos treinos na última ida ao ginásio, enfim – como a maioria das pessoas, tu passas por períodos de consistência, até de dedicação intensa, e então estabeleces fases de descanso ou até mesmo de breves recessos.
Quaisquer que sejam as várias razões por trás de nossos treinos perdidos hoje em dia, existe essa verdade essencial: o corpo requer uma recuperação adequada do esforço físico para maximizar seus ganhos. O esforço pesado, afinal, cria danos musculares, e o corpo precisa de reparar esse dano. O condicionamento físico, para a surpresa de alguns, se acumula durante a recuperação – não durante o treino. De um modo geral, quanto mais exercício fizeres, mais tempo vais precisar para a recuperação.
Treinar de forma exagerada – seja gastando horas todos os dias em cardio crónico ou não observando o tempo de recuperação inteligente entre sessões de treino de força, não só não trarão os resultados que mereces como serão uma profunda perda de tempo e esforço.
Mas vamos falar de consistência?
Reduzir a quantidade de exercício ao invés de abandoná-lo completamente, por exemplo quando passamos por um momento de falta de motivação ou estamos à procura de outra coisa que nos desperte o interesse, não é nada que atrapalhe o nosso caminho do fitness.
Talvez o ponto mais esclarecedor sobre consistência possa ser encontrado em olhar mais de perto a própria palavra. A consistência não sugere apenas uma frequência regular em si, mas uma estabilidade geral, um foco não flutuante.
A consistência é um aspecto da disciplina, mas não é a característica principal. Algumas pessoas seguem rotinas, outras fazem de forma espontânea, outras encontram os seus próprios mecanismos, seja no horário ou no tipo de exercício que praticam. No entanto, ao longo de um determinado tempo, eles acabam se exercitando muito – tanto ou talvez até mais do que alguém que faz disso uma fórmula. Uma forma não é necessariamente melhor que a outra.
O compromisso é o verdadeiro cerne da questão aqui. Se estivermos comprometidos, faremos o que for necessário para manter, e até progredir, nossa forma física – mesmo que de uma forma que pareça inconsistente. O coração do compromisso é um foco constante. As inconsistências de treino não estão necessariamente minando esse princípio – ou quão fortemente ele opera em nossa forma física.
Vamos fazer um exercício de realidade?
O que aconteceria se desistíssemos da busca pela perfeição e nos acomodássemos na experiência da autoconfiança – um valor colocado em prática com os mínimos diários ou semanais, o autocuidado, a integridade da saúde, etc.? Quantos de nós estaríamos nos sentindo melhor com nosso compromisso com a boa forma? Talvez os resultados nos digam mais do que nossas agendas jamais poderiam.
Agora que já sabemos o que é esse princípio realmente, desejamos-te: mantém a consistência. Vai compensar!
Traduzido e adaptado de How Important Is Consistency in Fitness? escrito por Mark Sisson, onde podes encontrar também todas as referências bibliográficas;